Mediar, racionalizar, disseminar tecnologias computacionais nas universidades brasileiras: o Programa Nacional de Centros de Informática (PNCI)

Resumen

Os anos 1970 foram um período-chave no processo de informatização no Brasil. Isso porque havia uma crescente demanda e expansão de recursos computacionais em diferentes áreas, o que provocou o estabelecimento de políticas de Estado que visavam racionalizar a aplicação dessas tecnologias, de forma a gerar uma autonomia frente aos poderes estabelecidos pelas empresas fabricantes multinacionais como IBM e Burroughs. Um exemplo desse processo foi a experiência do Programa Nacional de Centros de Informática (PNCI): em um contexto de expansão do Ensino Superior no país, o PNCI foi instituído em 1973 a partir de um grupo de trabalho coordenado pela Comissão de Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico (CAPRE) a fim de atender a demanda da comunidade técnico-científica por recursos computacionais em suas instituições universitárias, tendo em vista que a informatização assumia maior relevância nas atividades acadêmicas e administrativas. Em linhas gerais, o PNCI propunha uma política de aquisições e intercâmbio, mediando as relações de compra ou aluguel de sistemas entre universidades e fabricantes, permitindo que instituições de maior porte pudessem adquirir computadores de maior porte enquanto seus antigos sistemas seriam repassados a outras instituições acadêmicas, permitindo racionalizar recursos. Para isso, o PNCI incorporou uma série de ações da CAPRE, como roteiros para contrato padrão e planos diretores de Informática (PDI), de forma a guiar e acompanhar os procedimentos de implantação ou renovação dos sistemas existentes nas universidades, assim como incentivou intercâmbios de informações e softwares. Nosso trabalho visa revisitar a dinâmica do PNCI, seus efeitos na informatização universitária e suas dificuldades, como embates com as empresas fabricantes e falta de recursos para atender todas as demandas.