Educação musical no Brasil: Aonde chegamos, para onde vamos

Silvia Nassif

doi:10.24215/18530494e038

Autores

Silvia Nassif Universidade Estadual de Campinas https://orcid.org/0000-0002-9445-5342

DOI:

https://doi.org/10.24215/18530494e038

Palavras-chave:

epistemologia da educação musical, cultura, materialismo histórico dialéctico, Círculo de Bakhtin

Resumo

Este ensaio propõe uma reflexão sobre as bases epistemológicas que têm sustentado as práticas educacionais com música no Brasil ao longo de sua história. Percorrendo alguns paradigmas já consolidados, constata uma lacuna em relação à consideração da cultura como instância epistemológica inalienável nos processos de ensino. Após uma breve revisão da literatura da área que circula no Brasil e que tem se debruçado sobre essa questão, procura dar sua própria contribuição trazendo a perspectiva do materialismo histórico dialético, especialmente com base na filosofia da cultura do Círculo de Bakhtin. O olhar através dessa perspectiva permite desconstruir certas dicotomias que têm sido objeto de disputa no pensamento sobre arte e ensino da arte (como social/individual; plural/singular; técnica/expressão; sensível/inteligível, entre outras) e repensar o lugar da cultura na educação musical. O objetivo final do texto não é necessariamente levantar novas questões, mas adensar algumas discussões já colocadas de diferentes maneiras por outros pesquisadores da área.

Downloads

Métricas

Visualizações em PDF

297

| |

Referências

Aquino, T. L. (2021). Epistemologia da educação musical escolar. Editora UFG.

Arroyo, M. (2001). Música popular em um conservatório de música. Revista da ABEM, 6, 59-72. Dispoible en: http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/441

Bakhtin, M. (2016). Os gêneros do discurso. (Bezerra, P., Trad.). São Paulo: Editora 34.

Elias, N. (1995). Mozart:Sociologia de um gênio. (Goes, R. Trad.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

Faraco, C. A. (2009). Linguagem & diálogo: As ideias linguísticas do Círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola Editorial.

Fonterrada, M. T. O. (2005). De tramas e de fios: Um ensaio sobre música e educação. São Paulo: Editora Unesp.

Fucci-Amato, R. (2012). Escola e educação musical: (Des)caminhos históricos e horizontes. Campinas: Papirus.

Giglioli, R. S. P. (2003). “Civilizando” pela música: A pedagogia do canto orfeônico na escola paulista da primeira república [Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo]. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP. Disponible en; https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-19122012-143551/pt-br.php

Green, L. (1997). Pesquisa em sociologia da educação musical. (Dourado, O., Trad.). Revista da ABEM, 4, 25-35. Disponible en: http://abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/483

Green, L. (2012). Ensino da música popular em si, para si mesma e para “outra” música: Uma pesquisa atual em sala de aula. (Narita, F. M. Trad.). Revista da ABEM, 20(28), 61-80. Disponible en: http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/104

Hall, S. (1997). A centralidade da cultura: Notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. Educação & Realidade, 22(2), 17-46.

Japiassu, H. (1977). Introdução ao pensamento epistemológico. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora S.A.

Lourenço Filho, M. B. (2002). Introdução ao estudo da escola nova: Bases, sistemas e diretrizes da pedagogia contemporânea. Rio de Janeiro: EdUERJ.

Maldonado-Torres, N. (2008). La descolonización y el giro des-colonial. Tábula Rasa, 9, 61-72. Disponible en: https://revistas.unicolmayor.edu.co/index.php/tabularasa/article/view/1502

Mateiro, T., y Ilari, B. (Orgs.) (2011). Pedagogias em educação musical. Curitiba: Editora IBPEX.

Moreira, M. S. (2013). Mulheres em Banda de Música no nordeste do Brasil e no norte de Portugal. [Tese de Doutorado, Universidade Federal da Bahia].

Nassif-Schroeder, S. C. (2005). Reflexões sobre o conceito de musicalidade: Em busca de novas perspectivas teóricas para a educação musical. [Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas].

Nassif-Schroeder, S. C. (2006). O discurso sobre a música: Reflexos na educação musical. Claves, 2, 60-75.

Nassif-Schroeder, S. C. (2009). A educação musical na perspectiva da linguagem: Revendo concepções e procedimentos. Revista da ABEM, 21, 44-52. Disponible en: http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/235

Nassif-Schroeder, S. C., y Schroeder (2011). Música como discurso: Uma perspectiva a partir da filosofia do círculo de Bakhtin. Música em Perspectiva, 4(2), 127-153. Disponible en: https://revistas.ufpr.br/musica/article/view/27495

Penna, M., y Sobreira, S. (2021). A formação universitária do músico: A persistência do modelo de ensino conservatorial. Opus, 26(3), 1-25. Disponible en: http://dx.doi.org/10.20504/opus2020c2611

Penna, M. (1995). Ensino de música: Para além das fronteiras do conservatório. In Y. R. Peregrino (Coord.), Da camiseta ao museu: O ensino das artes na democratização da cultura (pp. 129-140). João Pessoa: UFPB Editora Universitária.

Penna, M. (2012). Música(s) e seu ensino. Porto Alegre: Editora Sulina. (Trabalho original publicado em 2008)

Pereira, M. V. M. (2014). Licenciatura em música e habitus conservatorial: Analisando o currículo. Revista da ABEM, 22(32), 90-103. Disponible en: http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/464

Pereira, M. V. M. (2015). O currículo das licenciaturas em Música: Compreendendo o habitus conservatorial como ideologia incorporada. Arteriais, 1(1), 109-123. Disponible en: https://periodicos.ufpa.br/index.php/ppgartes/article/view/2102

Pereira, M. V. M. (2020). Ensino superior em Música, colonialidade e currículos. Revista Brasileira de Educação, 5, 1-24. https://doi.org/10.1590/S1413-24782020250054

Pino, A. (2005). As marcas do humano: às origens da constituição cultural da criança na perspectiva de Lev. S. Vigotski. São Paulo: Cortez.

Queiroz, L. R. S. (2017). Traços de colonialidade na educação superior em Música no Brasil: Análises a partir de uma trajetória de epistemicídios musicais e exclusões. Revista da ABEM, 25(39), 132-159. Disponible en: http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/726

Shifres, F., y Gonnet, D. (2015). Problematizando la herencia colonial en la educación musical. Epistemus – Revista de estudios en Música, Cognicón y Cultura, 3(2), 51-67. https://doi.org/10.21932/epistemus.3.2971.2

Souza, J. (1996). O cotidiano como perspectiva para a aula de música: Concepção didática e exemplos práticos. Fundamentos da Educação Musical,3, 61-74.

Souza, J. (2007). Pensar a educação musical como ciência: a participação da Abem na construção da área. Revista da ABEM,16, 25-30. Disponible en: http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/288

Strazzacappa, M., Nassif-Schroeder, S. C., y Schroeder (2005). A construção do conhecimento em arte. In A.B. Bittencourt, y W. M. Oliveira Júnior (Org), Estudo, pensamento e criação (pp. 75-82). Campinas: FE/Unicamp.

Travassos, P. (1999). Redesenhando as fronteiras do gosto: estudantes de música e diversidade musical. Horizontes Antropológicos, 5(11), 119-114. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71831999000200006

Veiga-Neto, A. (2003). Cultura, culturas e educação. Revista Brasileira de Educação, 23, 6-15. Disponible en: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/G9PtKyRzPcB6Fhx9jqLLvZc/?format=pdf&lang=pt

Villiers, A. C. (2021). (Re)organizing the music curriculum as multicultural music education. International Journal of Music Education, 39(4), 383-393.

Volóshinov, V. (2017). Marxismo e filosofia da linguagem: Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. (Grillo, S. & Américo, E. V., Trads.). São Paulo: Editora 34.

Willems, E. (1969). Las bases psicológicas de la educacion musical. (Podgaminsky, E., Trad.). Buenos Aires: Editorial Universitaria.