Posições extremas da lua cheia, paralisações lunares e o ciclo metônico no sítio arqueológico de Cañada de la Virgen

Resumo

O objetivo deste trabalho é mostrar as posições extremas das luas cheias de junho, conforme vistas do acesso ao pátio fechado do Complexo A do sítio arqueológico de Cañada de la Virgen. Essas posições são discutidas em termos dos ciclos conhecidos como paralisações lunares maiores e menores, bem como do ciclo metônico.
Dadas as diretrizes da publicação, um enorme esforço de síntese teve de ser feito ao lidar com o alto número de eventos astronômicos e datas que foram trabalhados por meio do Programa Permanente de Observações Celestes da Cañada de la Virgen. Pelo mesmo motivo, tive de limitar os possíveis exemplos comparativos que serviriam para justificar as datas ou “famílias de datas” detectadas no local, com outras estudadas na Mesoamérica.
No entanto, ao longo do texto, são reveladas as implicações arquitetônicas, calendárias e simbólicas da cosmovisão pré-hispânica e o intrincado pensamento indígena da região cultural do Bajío. Por outro lado, embora existam outros exemplos que tratam da funcionalidade de uma fundação arqueológica atuando como uma colina ou horizonte artificial, aqui citamos apenas Rubén Morante (1996), que cunhou o termo ao trabalhar em Teotihuacán.

As diferentes posições lunares mostradas estão entrelaçadas com o ritmo do pôr do sol, enfatizando os momentos em que o sol repousa sobre os diferentes corpos sobrepostos da base piramidal. Particularmente nos esquinas e taludes onde esses corpos se cruzam, criando assim intervalos numéricos que têm certas qualidades de multiplicidade com números calendários distintamente mesoamericanos: 20, 13, 5, 52, 65 e assim por diante.
Finalmente, o intervalo que foi possível destacar por meio do exercício realizado corresponde a 65. Nesse caso, o número aparece em termos de anos e dezenas de anos, com base em ciclos que poderiam - eventualmente - ser associados ao momento de fundação do centro cerimonial que nos interessa, considerando as datas de Carbón recuperadas por Gabriela Zepeda (2012). Como coordenadora da exploração da Cañada de la Virgen, a Sra. Zepeda destacava o papel da astronomia cultural como um método complementar na compreensão das datas de fundação e dos momentos que o sistema de construção revela como estágios diferenciados de ocupação¹.
A congruência interna do modelo também explica a importância das paralisações lunares maiores e menores e discute a terminologia apropriada como referências a paralisações lunares, lunisticies ou extremos máximos e mínimos da lua cheia.

¹ Conversa pessoal com a arqueóloga Gabriela Zepeda. Susan Milbrath discutiu os estágios de ocupação do Templo Mayor em termos dos 52 anos do novo incêndio.