Notas sobre a temporalidade cíclica e dois artefatos entre os tobas do oeste formosense e os pilagá
A jornada e o ciclo anual
DOI:
https://doi.org/10.24215/26840162e002Palavras-chave:
Tobas, Pilagás, ciclos temporais, relógio, jogos de cordaResumo
No presente trabalho, investigaremos a leitura que os tobas do oeste formosense e os pilagá do Bañado La Estrella fazem sobre dois períodos temporais cíclicos específicos que estão relacionados, de uma forma ou de outra, com o espaço celeste. Entre os tobas do oeste formosense, abordaremos o transcurso do dia, enquanto que, entre os pilagá do Bañado La Estrella, focaremos no ciclo anual. Nesta ocasião, analisaremos esses períodos temporais observando as relações que se estabelecem com a cultura material, tanto a herdada e relacionada aos "estudos dos antigos", como os elementos da cultura material adotados ou impostos pela sociedade ocidental.
Por um lado, trabalharemos sobre dois asterismos pilagá que serão considerados em conjunto: Dapichi’, geralmente associado às Plêiades, e Yaɢayna’di, que é traçado no que se conhece como o Cinturão de Órion. Esses dois asterismos são representados por um jogo de corda progressivo, o que significa que começa com a execução de um motivo e se forma outro sem desfazer o primeiro. Analisaremos o jogo de corda associado ao par nomeado de asterismos, porque ele representa dois objetos celestes cujas mudanças e movimentos cíclicos aparentes estão associados ao curso de um importante ciclo temporal que regulava a vida dos pilagá: o ciclo anual. Além disso, esse conhecimento faz parte dos saberes transmitidos pelos mais velhos e refere-se a uma das poucas formas que os "antigos" tinham de representar asterismos.
Por outro lado, investigaremos outra relação entre um objeto celeste e a materialidade: a relação que se estabelece entre o sol e o relógio entre os tobas do oeste formosense, utilizando para a análise um elemento claramente relacionado à sociedade dominante e ao qual os tobas aprenderam a se adaptar. No entanto, eles adotaram o relógio nos seus próprios termos. Portanto, parte do conhecimento legado pelos mais velhos, "os estudos dos antigos", pode ser observado na maneira como eles leem e entendem o relógio, especialmente o relógio analógico.
Com base no que foi investigado em ambos os grupos indígenas, nossos objetivos finais são, por um lado, entender como as leituras celestes que remetem à passagem do tempo se relacionam com a materialidade e como essa relação varia e se atualiza de acordo com a situação social, mas continua remetendo a saberes ligados à sua forma de entender os ciclos diurnos e anuais.
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