Os laboratórios de psicologia no Brasil em perspectiva descolonial: o caso de Manoel Bomfim

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24215/2422572Xe148

Palavras-chave:

decolonialidade, história da psicologia, laboratórios, historiografia

Resumo

O trabalho tem como objetivo estimular uma reflexão sobre as narrativas descoloniais no campo da história da psicologia, buscando descrições locais singulares, distantes de modelos narrativos genéricos na compreensão dos desdobramentos deste saber. Mais especificamente, exploraremos o caso do laboratório de psicologia experimental instalado no Pedagogium sob orientação de Manoel Bomfim, no Rio de Janeiro, para cumprir o objetivo proposto. Para tal, além das ferramentas dos estudos de laboratório, é crucial entender a produção dos laboratórios a partir de redes locais, tal como indicado pela Teoria Ator-Rede e a Epistemologia política. A partir dessa dupla referência, propomos questões distintas da historiografia tradicional quanto ao surgimento dos laboratórios de psicologia: é crucial perguntar pelo levantamento de seus personagens, das suas funções e do seu perfil institucional. A discussão do presente artigo se centrará na inadequação da compreensão tradicional do tema, focando nas diferenças entre como narrativas coloniais e descoloniais concebem a relação entre o material de arquivo e matrizes de inteligibilidade, e nas consequências historiográficas e metodológicas dessa relação.

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Biografia do Autor

Hugo Leonardo, Instituto de Psicología, Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil)

Hugo Leonardo Rocha Silva da Rosa (brasileiro) é Doutor em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente é pesquisador de Pós-Doutorado no Instituto de Psicología da UFRJ, coordenando um projeto que visa organizar um Museu de Psicología na mencionada instituição. Sua tese de doutorado foi eleita pelo Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia como a melhor defendida em 2020 para concorrer ao premio nacional de melhor tese de doutorado da CAPES do presente ano. Foi secretario da Sociedade Brasileira de História da Psicología (gestão 2018-2019) e, atualmente, dedica-se à investigação em História e Historiografia da Psicologia no Brasil, História da psicología e suas relações com as doutrinas espíritas,e a emergencia da Psicología como discurso crítico sobre a sociedade e seus problemas.

Arthur, Instituto de Psicología, Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil)

Arthur Arruda Leal Ferreira (brasileiro) es Post-doctor por la UNED (Madri) y por la Universidad Javeriana (Bogotá). Tiene puesto como profesor Titular del Instituto de Psicología de la Universidad Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) y esmembro de los programas de Posgrado en Psicología y en Historia de las Ciencias, Técnicas y Epistemología. Ha sido presidente de la Sociedad Brasileña de Historia de la Psicología y es actualmente director del Instituto de Psicología. Organizó los libros História da psicologia: rumos e percursos, A pluralidade do campo psicológico, Teoria ator-rede e Psicologia, Psicologia, tecnologia e sociedade,Governamentalidade e Psicologia: a gestão pela liberdadey Uma bola no pé e uma idéia na cabeça.

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Publicado

2022-11-22

Como Citar

Hugo Leonardo, & Arthur. (2022). Os laboratórios de psicologia no Brasil em perspectiva descolonial: o caso de Manoel Bomfim. Jornal De Psicologia, 21(2), 151–174. https://doi.org/10.24215/2422572Xe148